Chega de enrolar, né? Hora de falar do elefante branco na sala desde 2014. Foi um ano terrível em muitas coisas. Uma delas foi a saída de Sandra Oh da série Grey’s Anatomy.
Ah sim, a música escolhida foi particularmente dolorida. Quem gosta de Tegan e Sara e conhece essa música, entende o que ela diz, entendeu o recado: ela foi embora e a gente que morra de saudade. E depressão. Enfim.
Pra mim, foi particularmente chato. Faz um tempo que ando ranzinza com a série – Shonda perdeu a mão da “vida como ela é” e começou uma sucessão de dramalhões impossíveis, e começou a parecer E.R. demais. Falo faz tempo, pela perda de tantos e tantos personagens queridos. Talvez eu seja mesmo uma chata old school, mas a graça de Grey’s Anatomy era ver M.A.G.I.C. em cena.

Aos poucos, a química do início foi se desfazendo. Eles foram embora. Poucos personagens bons de verdade (aka Lexie, Teddy e Owen) vieram pra distrair a gente desse fato. Muito drama, pouca gente bacana, quase zero tramas… O que me segurava mesmo vendo a série era Cristina Yang. Sempre me identifiquei com ela – e sou dessas pessoas que assistiam Grey’s desde o primeiro episódio, na Sony, lá em 1900 e nada. Não foi como House, que de tanto falarem, sentei pra ver. Eu sempre me vi nela. As pessoas vivem me chamando de Yang. Eu e ela? Somos single malt scotch. E era ela quem me segurava aqui.
Digo no passado, porque parei de ver Grey’s Anatomy quando Cristina se mudou de mala e cuia pra Suíça, e Sandra Oh disse adeus. Não quis mais saber. Pelo menos, até me desafiarem no Facebook a ver a nova temporada. Disseram que estava melhor, que era “a Grey’s de antes”. Impossível, eu sei. Mas dada a insistência, esperei o retorno da série e assisti os 9 episódios de uma vez. E…
Perdeu o encanto. Tem um buraco, literalmente, na série. E os personagens trataram disso em todos esses 9 episódios: a ausência de Cristina Yang pesa. E a mania da Shonda de socar personagens inúteis com tramas bobas junto com as tramas über dramáticas dos personagens-chave tira completamente o ânimo de continuar vendo. Não tem graça. E em minha defesa, não estou sozinha pensando nisso.
Ok… Sendo justa, algo me deixou um pouco curiosa: Amelia. Gosto dela desde Private Practice, e confesso que me identificava um pouco com a personagem. Era uma mulher brilhante, firme, com suas fraquezas, seus traumas, suas lutas. Ainda é. Ela lembra Cristina um pouco no Seattle Grace (pra vocês, Grey-Sloan Memorial).
A dinâmica da Amelia com o Owen chegou a me dar um sorriso no rosto, porque significa que não vão tirar uma cirurgiã do cosmos pra dar pra ele de brinde, ou parear com a Bizarro Lexie (que não me deu simpatia alguma, aliás. Só me irritou, ver a Shonda desrespeitar a memória da Lexie dessa forma – “vejam, Lexie morreu, agora vocês vão gostar dessa aqui, ok?”. Mas sou dessas, radical com os personagens) pra suprir o buraco Yang e dar um romance pro Owen, que de tão deslocado na trama está loiro…

Pelo que vi, Owen provavelmente será feliz com Amelia. Ou não, ela pode ser tão ou mais cativante que Cristina. E todo o drama do “filhos ou não filhos” pode voltar (alguém acompanhava Private Practice? Viu o que aconteceu com Amelia? Pois é). Caso a Shonda volte pra terapia e pare de estragar as tramas dos personagens dela… Há coisa boa pra se explorar aqui. Mas…
Espero que dê tudo certo com a série. Eu não voltarei pra vê-la, infelizmente. Vou me mudar pra Zurique. Ailás… Já mudei, né? Enfim. Aos que continuam vendo a série, mandem lembranças de vez em quando. E se o season finale tiver um (outro!) atentado no hospital, ou um vírus mortal se espalhar pelo Pronto-Socorro, ou coisa parecida: não digam que não avisei.